Infesto meu quarto com silêncio
Me isolo num poço de conforto
E a paz soturna domina minha mente
Esqueço as lágrimas dos lamentos
E a dor que teima em não ir embora
Os olhares tortos, as ofensas
Foram todas jogadas no passado
Trancadas num baú sem fechadura
Olhos nos olhos e o peso se vai
Cumprindo sua missão ao me salvar
As roupas atiradas no chão
Tão vazias quanto nossos pensamentos
No momento de calor e tato
Esses dias de saudade me enfraquecem
Mas não canso de percorrer seu corpo
Canto sozinho ao te ver chegar
E me calo ao te ver indo embora
E sua voz é tudo que eu preciso
Para abafar os ecos na minha cabeça
E lembrar do timbre que eu mais amo
Essas são as memórias em mim
Que eu quis te revelar
Com uma pitada de ironia, é verdade
Já que foi você que as fez nascer
Meu sussurro ganha força com seu suspiro
Então me diga em confidência
O que te estimula mais, o que te instiga
E faça os ruídos lá fora desaparecerem
E eu te prometo, sem devaneios
Eu serei seus arrepios essa noite
Eu exploro meus pecados com você
E espero pelo seu indulto
Abuso de ser o motivo da sua insônia
E o motivo de não querer acordar do sonho
Quando finalmente adormece
E se eu te disser que planejei isso?
Me infiltrar em sua pele
Dar forma ao prazer que você buscava
E me apaixonar por você
Qual seria sua reação?
(Cesar Antelo Garcia)
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